(Foto: Imagem ilustrativa/Marcello Casal/Agência Brasil)
Paulo Galvão Júnior (*)
Há quantas pessoas sem trabalho na Paraíba? São 174 mil pessoas desocupadas na atualidade, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Repito, são 174 mil pessoas que não estão trabalhando, mas, adotaram alguma medida para buscar uma ocupação, um emprego formal, uma fonte de renda nos 223 municípios paraibanos.
A taxa de desemprego mede a percentagem de pessoas com mais de 14 anos que estão em busca de emprego, mas não conseguem trabalhar. E há pessoas que, mesmo sem emprego, não podem ser consideradas desempregadas: um universitário que se dedica somente aos estudos, uma dona de casa que não trabalha fora do lar, e um empreendedor que tem o seu próprio negócio, como por exemplo, o Microempreendor Individual (MEI).
De acordo com os dados relativos ao segundo trimestre terminado no mês de junho de 2023, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, do IBGE, a Paraíba é a quinta maior taxa de desemprego do Brasil, com 10,4%, atrás apenas dos estados de Pernambuco (14,2%), Bahia (13,4%), Amapá (12,4%) e Rio de Janeiro (11,3%):
RANKING
NACIONAL |
RANKING
REGIONAL |
UNIDADES DA FEDERAÇÃO
(UF) |
TAXA DE DESOCUPAÇÃO
(Segundo trimestre de 2023) |
1° | 1°NE | PERNAMBUCO | 14,2% |
2° | 2°NE | BAHIA | 13,4% |
3° | 1°N | AMAPÁ | 12,4% |
4° | 1°SE | RIO DE JANEIRO | 11,3% |
5° | 3°NE | PARAÍBA | 10,4% |
6° | 4°NE | SERGIPE | 10,3% |
7° | 5°NE | RIO GRANDE DO NORTE | 10,2% |
8° | 2°N | AMAZONAS | 9,7% |
8° | 6°NE | PIAUÍ | 9,7% |
8° | 7°NE | ALAGOAS | 9,7% |
11° | 3°N | ACRE | 9,3% |
12° | 8°NE | MARANHÃO | 8,8% |
13° | 1°CO | DISTRITO FEDERAL | 8,7% |
14° | 4°N | PARÁ | 8,6% |
14° | 9°NE | CEARÁ | 8,6% |
16° | 2°SE | SÃO PAULO | 7,8% |
17° | 5°N | TOCANTINS | 6,5% |
18° | 3°SE | ESPÍRITO SANTO | 6,4% |
19° | 2°CO | GOIÁS | 6,2% |
20° | 4°SE | MINAS GERAIS | 5,8% |
21° | 1°S | RIO GRANDE DO SUL | 5,3% |
22° | 6°N | RORAIMA | 5,1% |
23° | 2°S | PARANÁ | 4,9% |
24° | 3°CO | MATO GROSSO DO SUL | 4,1% |
25° | 3°S | SANTA CATARINA | 3,5% |
26° | 4°CO | MATO GROSSO | 3,0% |
27° | 7°N | RONDÔNIA | 2,4% |
Tabela 1. A taxa de desocupação nas 27 Unidades da Federação no 2° trimestre de 2023.
Fonte: IBGE.
Entre os nove estados da região Nordeste (NE), o estado da Paraíba encontra-se em terceiro lugar na taxa de desocupação (10,4%), atrás apenas dos estados de Pernambuco (14,2%) e da Bahia (13,4%).
E a Paraíba como outros estados nordestinos, tem enfrentado elevada desocupação nos setores econômicos dominantes na economia, que incluem agropecuária, indústria, e serviços. A economia paraibana é influenciada por atividades econômicas como agropecuária (especialmente cana-de-açúcar, fruticultura e caprinovinocultura), indústrias têxtil, de alimentos e da construção civil, turismo e serviços. E a taxa de desemprego está ligada à saúde econômica desses setores e à capacidade de geração de novos empregos com carteira de trabalho assinada.
Infelizmente, é importante observar que a taxa de desemprego na Paraíba é alta no segundo trimestre de 2023. E o desemprego preocupa muito os atuais 4,0 milhões de paraibanos, sobretudo, os mais jovens. Entre as mais recentes e possíveis causas do desemprego na Paraíba, podemos apontar com base em fatores históricos e tendências econômicas:
Ciclos Econômicos: A economia da Paraíba, assim como a de outros estados, pode ser afetada por ciclos econômicos, onde períodos de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) são seguidos por recessões. Essas retrações econômicas podem resultar em diminuição da demanda por bens e serviços, levando a cortes de empregos em diversos setores econômicos.
Dependência de Setores Econômicos Específicos: Se a economia da Paraíba estiver excessivamente dependente de determinados setores, como agricultura, turismo ou indústria, variações nas condições desses setores podem afetar significativamente a criação de empregos. Uma queda na produção agrícola ou uma diminuição do fluxo turístico, por exemplos, resultaria em desemprego naquele setor e em setores relacionados a ele.
Globalização da Economia: A abertura para a economia global pode trazer benefícios, mas também desafios. E a competição internacional pode afetar empresas locais, levando a cortes de empregos ou à necessidade de reestruturação.
Tecnologia, Automação e Automatização: A adoção crescente de tecnologias avançadas e a automação em diversos setores podem reduzir a necessidade de mão de obra humana, resultando em desemprego em algumas áreas. Isso é particularmente relevante em setores como a indústria, onde máquinas podem substituir determinadas tarefas humanas nas fábricas.
Logo, mais desemprego, mais pobreza. Segundo a economista franco-americana Esther Duflo, Prêmio Nobel de Economia de 2019, “As máquinas não adoecem. Não se organizam nem fazem greves. Temo que a crise estimule a automatização”, e na luta contra a pobreza é fundamental uma boa economia para tempos difíceis.
Qualificação Profissional: A falta de qualificação profissional adequada pode limitar as oportunidades de emprego para os residentes da Paraíba. E as mudanças nas demandas do mercado de trabalho podem deixar pessoas com habilidades desatualizadas ou inadequadas para as vagas disponíveis.
Sim, uma boa qualificação profissional hoje em dia ajuda, mas, não é garantia de emprego. Podemos encontrar pessoas com ensino superior completo, com mestrado e doutorado trabalhando como motoristas de aplicativo Uber na Grande João Pessoa. E o setor industrial na capital paraibana está sucateado, provocando o desemprego e a decadência do comércio varejista no Centro da secular cidade de João Pessoa.
Com certeza, a qualificação da mão de obra gera o acesso as oportunidades de emprego no mercado de trabalho cada vez mais competitivo, mais globalizado. Mas, há empresas que não conseguiram contratar os funcionários por falta de qualificação profissional. Existem também trabalhadores desempregados porque não aceitam empregos com salário baixo ou fim de contratos temporários em shopping center, por exemplos.
Políticas Públicas e Investimentos Governamentais: A falta de investimentos governamentais em infraestrutura ou políticas públicas inadequadas impactaram negativamente o mercado de trabalho paraibano. O governo do estado da Paraíba geralmente busca implementar medidas para estimular a economia paraibana e criar oportunidades de emprego com concursos públicos. Além de investimentos em infraestrutura, programas de capacitação profissional, incentivos fiscais para empresas e outras iniciativas públicas para impulsionar o crescimento econômico e reduzir o alto desemprego.
Recentemente, em 11 de agosto de 2023, foi lançado o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), pelo Governo Federal, na cidade do Rio de Janeiro, que prevê investimentos na ordem de R$ 1,7 trilhão em obras estruturantes nas cinco regiões do Brasil. Desses investimentos nos próximos quatro anos, a grande parte será destinado para a região Nordeste, e no ranking de investimentos por estado, a Paraíba ficou em último lugar entre os nove estados nordestinos, com um repasse de R$ 36,8 bilhões (5,3% do total de R$ 700,4 bilhões no Nordeste).
E o estado de Sergipe é o campeão nordestino em repasses do Novo PAC, com R$ 136,6 bilhões (19,5%). Em segundo lugar, Bahia, com R$ 119,4 bilhões (17,0%). Em terceiro lugar, Maranhão, com R$ 93,9 bilhões (13,4%). Na quarta colocação, Pernambuco, com R$ 91,9 bilhões (13,1%). Na quinta posição, Ceará, com R$ 73,2 bilhões (10,4%). Em sexto lugar, Piauí, com R$ 56,5 bilhões (8,0%). Na sétima posição, Alagoas, com R$ 47,0 bilhões (6,7%). E na oitava colocação, Rio Grande do Norte, com R$ 45,1 bilhões (6,4%).
Os investimentos em 11 obras estruturantes na Paraíba pelo Novo PAC poderão gerar mais empregos e renda como a construção do terceiro eixo da Transposição do Rio São Francisco, o Ramal Piancó, e a conclusão do Canal Acauã-Araçagi. Logo, é vital reivindicar mais obras estruturantes para a Paraíba, o 23° lugar entre as 27 UF, à frente apenas dos estados do Acre (R$ 26,6 bilhões), Amapá (R$ 28,6 bilhões), Roraima (R$ 28,6 bilhões) e Rondônia (R$ 29,6 bilhões). Lembrando que o Novo PAC vai investir R$ 342,0 bilhões no estado do Rio de Janeiro, líder nacional em obras e serviços para melhorar as condições de vida da população.
Investimentos Privados: Os investimentos privados desempenham um papel crucial na geração de empregos formais e no crescimento econômico da Paraíba. Existem várias maneiras pelas quais os investimentos privados podem contribuir significativamente para a criação de empregos no estado: i) Criação de novos negócios: São os investidores privados frequentemente iniciam novos empreendimentos e startups para aproveitar oportunidades de mercado. Essas novas empresas exigem mão de obra qualificada para diversas funções, como produção, vendas, marketing, logística, atendimento ao cliente, e administração; ii) Expansão de empresas instaladas nas quatro mesorregiões paraibanas: É importante, por exemplo, a expansão do turismo na mesorregião da Mata Paraibana, compreendendo cidades costeiras e turísticas como Cabedelo, João Pessoa, Conde e Pitimbu, na abertura de novos hotéis, resorts, pousadas, restaurantes, bares e atividades de lazer.
Entre o primeiro e o segundo trimestre de 2023, o índice de desocupação no estado da Paraíba teve redução, pois no primeiro trimestre foi de 11,1%, caindo, para 10,4% no segundo trimestre, ou seja, uma queda de 0,7 ponto percentual. Todavia, é preciso revelar, quando a taxa de desemprego aumenta, a informalidade cresce e a renda despenca na Paraíba, atualmente, o estado campeão do Brasil e do Nordeste em desigualdade econômica, com o Índice de Gini de 0,558, em 2022, conforme o IBGE.
Portanto, a taxa de desocupação é a porcentagem de pessoas na força de trabalho que estão desempregadas e procurando trabalho. E a taxa de desocupação no Brasil é de 8,0%, o menor patamar para o segundo semestre em nove anos, com 8,6 milhões de desempregados, conforme o IBGE. E a distribuição de pessoas desempregadas por idade, no Brasil, no segundo trimestre de 2023 foi: De 25 a 39 anos (36%); De 18 a 24 anos (30%); De 40 a 59 anos (25%); De 14 a 17 anos (6%); e de 60 anos ou mais (3%).
Já a distribuição percentual de pessoas desempregadas por sexo, no País, no segundo trimestre deste ano foi: mulheres (52%) e homens (48%). É preciso revelar que no Brasil, a taxa de desocupação foi de 6,9% para os homens no segundo trimestre de 2023, ante uma taxa de 9,6% para as mulheres.
Todos os estados nordestinos têm taxas maiores de desempregos do que a do Brasil (8%), e a região Nordeste (NE) continua sendo a região com maior taxa de desemprego entre as cinco regiões do País, com 11,3%; Norte (N) com 8,1%; Sudeste (SE) com 7,9%; Centro-Oeste (CO) com 5,7%; e Sul (S), com a menor taxa, 4,7%, segundo o IBGE.
E a taxa de desocupação na Paraíba (10,4%) segue bem acima da nacional (8,0%) e equivale mais de 4,33 vezes do que a menor do País, registrada em Rondônia (2,4%), como também, superior a menor do Nordeste, registrada no Ceará (8,6%).
Outros dados relevantes sobre o contingente de pessoas não classificadas como desocupadas na Paraíba: 135 mil pessoas desalentadas, como por exemplos, um jovem sem dinheiro para pagar o transporte público na busca do emprego formal ou uma mulher que desistiu de procurar emprego em sua cidade; e 739 mil pessoas ocupadas informalmente, como por exemplos, o vendedor de pipoca no Parque Sólon de Lucena ou o vendedor de picolé na Praia de Tambaú.
Somando os 174 mil desempregados, mais os 135 mil desalentados, e mais os 739 mil informais, são 1,048 milhão de pessoas fora do mercado de trabalho formal na Paraíba. Repito, são 1,048 milhão de trabalhadores sem Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) assinada, e sem direitos trabalhistas, por exemplos, sem Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), sem licença-maternidade ou sem licença-paternidade, sem férias remuneradas, sem o décimo terceiro salário.
Finalizando, a taxa de desocupação na Paraíba é alta, e as mulheres jovens são a maioria dos desempregados, provocando impactos negativos para a população e para a economia do estado, e afetando a qualidade de vida dos cidadãos paraibanos e as atividades econômicas em três setores. Portanto, necessitamos urgente, de políticas públicas eficazes para estimular o crescimento mais robusto do PIB paraibano, e de iniciativas privadas eficientes para a criação de novos empregos formais, ambas são essenciais para enfrentar essa questão econômica tão relevante em plena Quarta Revolução Industrial.
(*) Economista paraibano, graduado em Ciências Econômicas pela UFPB, com especialização em Gestão em Recursos Humanos pela UNINTER. Professor de Economia no UNIESP. Economista do Ano 2019 na Paraíba pelo CORECON-PB. Professor Destaque do UNIESP 2022. Professor de Economia Destaque no Ano 2023 pelo CORECON-PB. Atual conselheiro suplente do CORECON-PB e sócio efetivo do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba. Autor de 12 e-books de Economia pela Editora UNIESP. E autor e co-autor de 293 artigos de Economia. E-mail: paulogalvaojr@gmail.com WhatsApp: 55 (83) 98122-7221. Instagram: @paulogalvaojunior e PIX: 738.451.244-15.