O que antes era sinônimo de caos, hoje é exemplo de transformação. A Fundação de Desenvolvimento da Criança e do Adolescente “Alice de Almeida” (Fundac), responsável por adolescentes em conflito com a lei na Paraíba, viveu uma reviravolta histórica nos últimos anos e passou a ocupar lugar de destaque nacional na área da socioeducação. Rebeliões, mortes e denúncias deixaram de ser rotina para dar lugar a uma gestão moderna, eficaz e voltada à recuperação real dos jovens internos.
Até 2021, a realidade era crítica. Praticamente toda semana havia algum episódio de crise: fugas, conflitos internos, denúncias de maus-tratos e protestos de familiares. A estrutura administrativa, frágil e ultrapassada, contribuía para o agravamento do problema. Mas a mudança começou a tomar forma ainda nos primeiros passos do governo João Azevêdo.
Uma das primeiras decisões estruturantes foi a realização de concurso público para substituir os agentes socioeducativos contratados por servidores efetivos, garantindo maior estabilidade e qualificação profissional nas unidades. Mas, como destaca a própria gestão, isso era apenas o início.
A virada real começou com a chegada de um novo nome: Flávio Moreira. Sugerido pelo então secretário de Desenvolvimento Humano, Tibério Limeira, e endossado por Deusdete Queiroga, da Infraestrutura, Flávio foi pessoalmente convidado pelo governador João Azevêdo para assumir o comando da Fundac. Para ele, o convite foi “irrecusável”, vindo de um gestor que, segundo suas palavras, é “exemplo na vida pública e privada”.
Flávio Moreira não era um novato em gestão pública. Com um currículo extenso e reconhecido, ele acumulava experiências marcantes: foi o criador do programa de Habilitação Social no Detran-PB, combateu a máfia dos reboques, implantou a vistoria eletrônica com câmeras nas provas práticas, e teve todas as contas aprovadas como presidente da antiga FAC — um feito raro em um cenário de escândalos históricos no estado. Também atuou na criação do cartão alimentação e, durante a pandemia, foi secretário de Segurança em Bayeux, onde teve a ousadia de armar a Guarda Municipal em meio à crise sanitária e de violência.
Com formação em Direito, seis pós-graduações e experiência como policial civil, Flávio reuniu rigor técnico e sensibilidade social para implementar mudanças profundas na Fundac. A partir de junho de 2022, iniciou uma reestruturação corajosa: troca de diretores antigos, remanejamento de servidores, apuração de irregularidades, e, acima de tudo, a implantação de um modelo centrado na disciplina com respeito aos direitos humanos.
Mais do que apenas “colocar ordem na casa”, Flávio construiu um novo modelo de gestão, com foco na prevenção de reincidência criminal e na reintegração dos jovens à sociedade. Oficinas profissionalizantes, programas de apoio psicológico, reforço escolar, parcerias com universidades e uma nova postura ética nas unidades marcaram essa nova fase.
Hoje, a Fundac é reconhecida como uma das experiências mais bem-sucedidas de socioeducação no Brasil. Flávio Moreira, apesar de jovem, é citado por gestores de vários estados como exemplo de liderança e resultados. Ele, que se declara eleitor de Lula, não hesita em apontar falhas nas políticas públicas, mantendo uma postura crítica e propositiva.
A transformação da Fundac é uma prova viva de que decisões políticas acertadas, aliadas à gestão técnica e à coragem para romper com estruturas viciadas, podem mudar destinos, inclusive os de adolescentes que, com novas oportunidades, deixam de ser estatísticas da violência para se tornarem protagonistas da própria história.
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