Não é de hoje que a maioria dos brasileiros demonstra cansaço com a polarização política, que tem sido um obstáculo ao desenvolvimento estrutural e econômico do país. Desde o advento da extrema-direita, observamos um maniqueísmo que saiu da esfera religiosa e se instalou de forma acirrada na política. Como resultado, as casas legislativas se transformaram em verdadeiros campos de batalha, onde, mesmo com boas intenções, o Executivo encontra dificuldades para avançar com projetos essenciais para o bem-estar da população.
O extremismo tomou conta do importante papel da oposição, que deveria fiscalizar e contribuir para o desenvolvimento, mas passou a atuar de maneira radical, impedindo avanços. Um parlamentar é eleito pelo povo para melhorar a qualidade de vida da população por meio de políticas públicas, independentemente de quem esteja no poder. Entretanto, a polarização excessiva faz com que muitos esqueçam esse dever.
Há saudade dos embates políticos de outras épocas, quando figuras como Lula e Collor, Lula e FHC, Lula e José Serra, ou mesmo Lula e Alckmin se enfrentavam politicamente, mas, após as eleições, o derrotado assumia seu papel na oposição e o vencedor governava. Com o surgimento do bolsonarismo, presenciamos conflitos entre amigos, entre famílias, e ataques diretos aos poderes e suas leis. O mais contraditório é que aqueles que se autointitulam “patriotas” são os mesmos que pedem a intervenção de nações estrangeiras na soberania do Brasil.
Nesse contexto, a recente parceria entre o Governo de São Paulo, liderado por Tarcísio de Freitas, e o Governo Federal, sob a liderança do presidente Lula, acende uma luz no fim do túnel. Um político de direita, criado na incubadora do bolsonarismo, reconhecendo e agradecendo o apoio de seu maior opositor no momento, é um gesto de maturidade e diplomacia que o Brasil precisa.
Gestos como esse são essenciais para que o país avance. O Brasil precisa que seus líderes compreendam que a democracia exige a alternância de poder, mas também cooperação e respeito entre adversários políticos. É necessário que quem perde reconheça a derrota e assuma a oposição de maneira democrática, e que quem vence governe sem radicalismos ou extremismos. A tentativa de golpe por não aceitar um resultado eleitoral é uma afronta à democracia e não pode se repetir.
Que a diplomacia e a democracia prevaleçam. Que os poderes continuem fortes, harmônicos, independentes e democráticos. Parabéns ao governador Tarcísio e ao presidente Lula por darem um exemplo de civilidade política. Que permaneçam em campos opostos, mas mantenham a diplomacia e o respeito que sempre caracterizaram os grandes embates democráticos do Brasil.
Eugênio Falcão
Portal Notícia Extra
