WSCOM com Estadão
Com pouco mais de dois meses de governo, o ministro das Comunicações do governo Lula, Juscelino Filho, já acumula uma série de suspeitas de irregularidades no uso de verbas públicas. Reveladas pelo Estadão, as polêmicas incluem o envio de emendas do orçamento secreto para asfaltar uma estrada que corta sua própria fazenda, no interior do Maranhão, informações falsas apresentadas à Justiça Eleitoral, uso de avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e o recebimento de diárias para acompanhar leilões de cavalos em SP, além da recontratação de bolsonaristas. No mais novo capítulo, o sócio do haras em que o ministro mantém seus animais surge como funcionário fantasma no Senado.
Na última quinta-feira (2), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, se Juscelino não conseguir comprovar sua inocência em relação às acusações, ele não poderá continuar no governo. Em entrevista à BandNewsFM, o presidente disse que convocou o ministro para uma reunião nesta segunda-feira (6), já que Juscelino estava em viagem ao exterior. O encontro foi incluído na agenda oficial do presidente às 16 horas.
Em parceria com aliados do União Brasil, Juscelino deflagrou uma ofensiva para tentar permanecer na pasta. Afirmou que está comprometido em esclarecer o que chamou de “denúncias infundadas feitas pela imprensa” e agradeceu “a oportunidade de ser ouvido com isenção e serenidade”. Em tuíte publicado no sábado (4), Juscelino alegou “que não houve irregularidades nas viagens e que tudo está devidamente documentado”.
Estou comprometido em esclarecer ao presidente Lula todas as denúncias infundadas feitas pela imprensa. Reitero que não houve irregularidades nas viagens citadas e que tudo está devidamente documentado. Também agradeço a oportunidade de ser ouvido com isenção e serenidade.
— Juscelino Filho (@DepJuscelino) March 4, 2023
Neste fim de semana, o grupo do ministro no União Brasil reagiu às pressões da presidente do PT, Gleisi Hoffman, entre outros, para que ele se afaste do cargo e se concentre em sua defesa. A ofensiva do União busca dar uma conotação política para as revelações, sob argumento de que o partido está sob “fogo amigo” do PT.
Em nota, a sigla disse que “o ministro sempre teve uma atuação respeitada no parlamento”, não comentou as denúncias e acusou Gleisi de incoerência ao relembrar o envolvimento de petistas em episódios de corrupção.
O nome de Juscelino foi indicado pelo União Brasil como parte das negociações de Lula em busca de maior apoio político no Congresso Nacional. Além dele, a sigla teve a oportunidade de indicar mais dois nomes: os ministros Waldez Goes (Integração Nacional) e Daniela do Waguinho (Turismo) – que protagonizou uma das primeiras grandes polêmicas do governo petista ao ter seu nome associado a chefes de milícias no Rio de Janeiro.
Para o Instituto Não Aceito Corrupção, os indícios de mau uso dos recursos públicos e as condutas de Juscelino ferem princípios constitucionais.